domingo, 30 de janeiro de 2011

No Dia da Saudade, aprenda a lidar com o sentimento

RENATA RODE
Colaboração para o UOL
    No dia 30 de janeiro comemora-se o Dia da Saudade, mas, independentemente de data, a dificuldade em lidar com o sentimento inspira artistas do mundo todo em qualquer época e perturba seres humanos e até animais.
    • Getty Images
      Quando administrada, a dor emocional da saudade tende a diminuir, diz psicóloga
    Entre os vários artigos espalhados pela internet, há uma definição de saudade dada por uma criança, paciente terminal de câncer, ao seu médico: “Doutor, saudade é o amor que fica”. Para Marcele de Carvalho, psicóloga do Centro de Controle do Estresse no Rio de Janeiro, esse sentimento é natural e saudável até certo ponto. “Geralmente se fala de saudade quando se relembra ou está na ausência de alguma coisa, situação, local ou alguém. Este sentimento pode vir acompanhado de tristeza ou ansiedade, por exemplo, já que existe um impedimento para estar na presença ou convivência daquilo ou de quem se deseja estar.” A especialista alerta que, quando administrada, essa dor emocional tende a diminuir. “Se o impedimento é temporário ou irreversível, é necessário saber resignar-se e criar formas alternativas para lidar com a falta”, ensina.
    Benefícios na vida a dois
    Há quem acredite que é necessário sentir saudade para renovar a chama. A radialista Adriana Hercowitz, de 29 anos, mora perto do namorado, porém o vê somente duas vezes por semana. “Eu gosto dessa falta. Nós nos falamos todos os dias, mas procuramos não esgotar os assuntos, falar o necessário e, quando nos encontramos, é sempre maravilhoso. Acredito que a combinação entre saudade e distância seja um ótimo antídoto para brigas e problemas entre parceiros”, revela.
    Marcele afirma que é possível viver um relacionamento à distância, seja imposto pelos dois (quando não há o empecilho geográfico), seja por necessidade. “Tudo depende da maneira como a distância é driblada e da maturidade e confiança que o casal possui, por exemplo. Manter contatos frequentes, viajar sempre que possível para o reencontro, viver a rotina do parceiro e participar dela, com diálogo aberto e cumplicidade, podem ajudar”, diz.
    “Confio em meu parceiro e ele em mim de olhos vendados. Isso é essencial para que a saudade não vire ciúme ou uma obsessão. Enfim, a saudade é boa quando não gera dor”, afirma Adriana.
    Para a especialista, em alguns casos, a saudade pode até melhorar o relacionamento. “Talvez algumas pessoas, ao sentirem saudade, acabem reafirmando a existência e a veracidade do sentimento que possuem”, analisa.
    Sem fronteiras
    E quem disse que o amor tem fronteiras? O empresário Paulo Sérgio, nunca acreditou nisso. "Comecei a namorar a Cláudia quando ela morava na Itália. Nós nos víamos de três em três meses somente, mas o contato via internet era constante. Foi assim durante um ano e pouco, até que em 2007 eu me mudei para a Austrália. A família achou que o relacionamento iria acabar, mas o intercâmbio continuou. Tanto que depois de idas e vindas entre Itália e Austrália, em 2009 ela veio morar comigo e nos casamos. Hoje, somos felizes e moramos na Itália. Posso dizer que somos a prova viva de o relacionamento à distância pode dar certo, sim", diz o paulistano.
    Já com Ana Paula Vergano aconteceu o contrário. “Eu estava namorando havia um ano com o meu vizinho e estávamos muito apaixonados, porém ele foi transferido para Chicago e não tinha como recusar. Sofremos um pouco, mas ele ficaria apenas um ano e achamos que tudo ficaria bem. O Skype com câmera nos ajudou muito, principalmente porque ele estava carente e não via a hora de chegar em casa para conversarmos”, conta. No começo, eles até trocaram presentes via correio em datas comemorativas, mas não demorou para que obstáculos aparecessem. “Ele começou a ter muitos eventos sociais e eu me senti em segundo plano. Mesmo assim, continuamos nos gostando e ficando juntos do jeito que dava. Depois de um ano, ele recebeu outro convite para ficar bem mais tempo lá. Até chegou a me convidar para morar com ele, mas eu tinha um cargo de diretoria aqui e não queria largar o certo pelo incerto. Infelizmente, a relação não se sustentou mais. Hoje somos grandes amigos. Valeu pela experiência”, conta a publicitária.
    Ranking da saudade
    Bateu saudade de alguém especial? Dê uma olhada na lista de dez atitudes que são “tiro e queda” para espantar a depressão momentânea:
    1. Beba um drinque. Isso mesmo, um só. Uma taça de vinho, por exemplo, já vai fazer com que você fique mais relaxado, tornar o seu corpo mais quente e aliviado, tirando um pouco da tensão nos ombros.
    2. Chore no chuveiro. Se você tem mágoa por algo ou está com um nó na garganta, o melhor é extravasar. Prometa a si mesmo que vai chorar ali e pronto. Uma hora você cansa e para.
    3. Tire alguns minutos em seu benefício. Por exemplo, vá à manicure, jogue uma partida de futebol ou videogame. Fazendo algo de que gosta você desvia a energia ruim e passa pelo período de crise sem muitos traumas.
    4. Faça uma coisa sem importância, daquelas que você não precisa pensar, como ver vídeos engraçados na internet ou um filme que já assistiu 500 vezes, sem compromisso.
    5. Ouça um mantra. O simples fato de você parar tudo e concentrar-se naquilo, meditando, vai acalmar seu coração e aliviar a dor. Quando a música terminar você nem vai acreditar que passou.
    6.Se dê um presente: um CD, uma roupa ou uma joia. O simples fato de ocupar-se com algo para você acaba deixando-a mais feliz, além de desviar a atenção da saudade.
    7. Coma chocolate. É comprovado cientificamente o benefício da guloseima quando mulheres, por exemplo, estão em TPM ou em depressão. É claro, moderadamente.
    8. Pratique esporte. Dessa maneira, você extravasa sua energia e expulsa pensamentos negativos, além de aumentar o nível de endorfina no corpo, substância que dá sensação de bem-estar;
    9. Dê uma volta com seu bichinho de estimação (ou o do seu vizinho). A troca de carinho entre vocês só traz benefícios, e o passeio vai lhe animar.
    10. Seja coerente. Você tem todo direito de sentir falta de uma pessoa, mas não de deixar de viver sua vida por causa dela.

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